3 de março de 2015

Liberdade



 Somente os pássaros engaiolados são dignos de confiança. Pássaros engaiolados não fogem. Mas, ao se engaiolar o pássaro, perde-se a beleza do seu voo, que era o que se amava.

 Pássaros engaiolados transformam-se em patos gordos. Patos gordos são dignos de confiança: nem podem nem querem voar. Os espaços vazios não os fascinam. Nunca olham para cima, só para baixo. Nem sabem da existência do céu. Já os pintassilgos são indignos de confiança. Sabem voar. Basta que a porta da gaiola se abra para que voem.

 Mais fundamental que o amor é a liberdade. A liberdade é o alimento do amor.

 O amor é pássaro que não vive em gaiolas. Basta engaiolá-lo para que ele morra. Ter ciúme é reconhecer a liberdade do amor.

 O desejo de liberdade é mais forte que a paixão. Pássaro, eu não amaria quem me cortasse as asas. Barco, eu não amaria que me amarrasse no cais. (Rubem Alves)

19 de fevereiro de 2015

"Já não tenho paciência para algumas coisas, não porque me tenha tornado arrogante, mas simplesmente porque cheguei a um ponto da minha vida em que não me apetece perder mais tempo com aquilo que me desagrada ou fere. Já não tenho pachorra para cinismo, críticas em excesso e exigências de qualquer natureza. Perdi a vontade de agradar a quem não agrado, de amar quem não me ama, de sorrir para quem quer retirar-me o sorriso. Já não dedico um minuto que seja a quem me mente ou quer manipular. Decidi não conviver mais com pretensiosismo, hipocrisia, desonestidade e elogios baratos. Já não consigo tolerar eruditismo seletivo e altivez acadêmica. Não compactuo mais com bairrismo ou coscuvilhice. Não suporto conflitos e comparações. Acredito num mundo de opostos e por isso evito pessoas de caráter rígido e inflexível. Desagrada-me a falta de lealdade e a traição. Não lido nada bem com quem não sabe elogiar ou incentivar. Os exageros aborrecem-me e tenho dificuldade em aceitar quem não gosta de animais. E acima de tudo já não tenho paciência nenhuma para quem não merece a minha paciência.” 

(José Micard Teixeira)

Esgotados.

"Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice." (Martha Medeiros)

Futuros Amantes