21 de março de 2014

Canção de Outono


Perdoa-me, folha seca, 
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo, 
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão, 
se havia gente dormindo 
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando àqueles 
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono 
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão.

(Cecília Meireles)

18 de março de 2014


Quem foi Dércio Marques?



As pessoas sempre me perguntam "quem foi o Dércio Marques" porque sempre vêem, segundo elas, "alguma coisa bonita que escrevo sobre ele". Essa é uma fala repetida muitas vezes no dia a dia... Sempre que me fazem essa pergunta, minha primeira reação é pensar "e agora, como explicar quem foi ele?!".

Explicá-lo sempre foi tarefa difícil, acho que até pra ele mesmo! Dércio foi um cara absolutamente fora de padrões. Nenhum, absolutamente nenhum padrão, cabia ali. Foi sem dúvida o melhor produtor musical em estúdio que conheci. Ele captava a alma, os desejos e o sonho do artista que o chamava para produzir. Tinha a alma universal e por isso não fazia música regional, música brasileira, música mineira ou o que quer que fosse. Era música do mundo e para o mundo, por isso todos que tinham acesso as obras dele (que não foram poucas) se encantavam. Dércio era viajante. Levou o Brasil para o Brasil conhecer e trouxe o mundo para dentro de nós. Era “estradeiro” e por isso não era de lugar certo no mundo... Todo mundo que quis enquadrá-lo, não o teve... A essência dele era composta de liberdade. Era um amigo absolutamente desprendido de qualquer tipo de julgamento de valor. Nunca o vi julgar ninguém, aceitava a todos da forma que fossem e com o que tinham para doar, para trocar e receber. Era um coração livre, tão livre que era capaz de amar o mundo com a mesma intensidade e entrega que se ama um, dois ou todos a sua volta. Pra mim era uma referência, uma janela para a vida, um rio cheio de quedas d`água e repleto de arco íris, peixes, vida, silencio e som. Era um irmão de alma. Era um encontro ou reencontro. Era a possibilidade mais ampla e irrestrita de amar e me sentir amada! Era um amor pra vida toda, pra existência, pra inexistência, para o que podemos definir como eterno. Por isso ele não passou, por isso nada acabou, por isso não é triste falar dele, é alegre, é feliz! Era uma voz doce que continua cantando e ecoando nos corações de todos que o viam assim! Não era um planeta, mas era um sistema solar.

E quando as pessoas falam que vêem que escrevo coisas bonitas sobre ele, a primeira coisa que me vem à cabeça é que não escrevo "coisas bonitas", escrevo "verdades" e se as verdades são bonitas é só porque as verdades dele sempre foram assim: bonitas.

Pra ele dedico essa música, na voz dele mesmo... E pra quem me pergunta quem ele foi, ouça-o, vale a pena!


http://www.youtube.com/watch?v=WYwoAc1R-Ak


Texto lindamente escrito por Bia Ramsthaler!

12 de março de 2014

Espelho


Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

11 de março de 2014

Pai - aniversariante do dia.


 Sei que já cansei de escrever isso e que todos sabem muito bem como a gente é tão próximo, como nossa relação é muito mais que pai e filha, mesmo que pra muita gente isso seja impossível, pra nós dois nunca foi.
 Houve sempre uma cumplicidade que ultrapassa qualquer limite, desde ajudar nas horas mais difíceis onde um realmente "depende" do outro, até os segredos e sentimentos que só são revelados entre a gente. Tenho certeza que há uma ligação de muitas outras vidas e espero que não se acabe nessa!
 Nesses 22 anos dos seus 51 de vida foram tantas risadas com as bobeiras que a gente faz, músicas apresentadas e "pai vamo cantá?", viagens, parcerias, incentivos, carinho, amizade, paternidade e outras belas coisas que poucos tiveram a oportunidade de ter com seus pais e que por isso agradeço todo o tempo por ter  você como pai e poder compartilhar todas essas boas lembranças e ser como eu sou. "E ainda me faz ser o que sem ele não seria"
 Gratidão por todos os valores e sabedoria passadas generosamente durante minha vida, por segurar minha mão e dar um empurrãozinho nos momentos mais difíceis, por nunca desistir de mim e apesar dos pesares ser um exemplo!
 To contigo e não largo! "To contigo, amigo e não abro vamos ver o diabo de perto" rsrsrsrs

Te amo muito! <3

Outro Lugar


Cê sabe que as canções são todas feitas pra você
E vivo porque acredito nesse nosso doido amor
Não vê que tá errado, tá errado me querer quando convém
E se eu não tô enganado acho que você me ama também

O dia amanheceu chovendo e a saudade me contém
O céu já tá estrelado e tá cansado de zelar pelo meu bem
Vem logo que esse trem já tá na hora, tá na hora de partir
E eu já tô molhado, tô molhado de esperar você aqui

Amor eu gosto tanto, eu amo, amo tanto o seu olhar
Andei por esse mundo louco, doido, solto com sede de amar
Igual a um beija-flor, que beija-flor,
De flor em flor eu quis beijar
Por isso não demora que a história passa e pode me levar

E eu não quero ir, não posso ir pra lado algum
Enquanto não voltar
Não quero que isso aqui dentro de mim
Vá embora e tome outro lugar
Talvez a vida mude e nossa estrada pode se cruzar
Amor, meu grande amor, estou sentindo
Que está chegando a hora de dormir.


(Elder Costa)