31 de outubro de 2013

Receita pra pegar Saci (Tio Barnabé)


Nêgo veio barnabé que já passo dos 80
Viu tudo que pôde ver
Viu mais do que a vista aguenta
Viu o encanto do encantado e o outro lado da lenda
O real e o irreal nas terras de dona benta

Vida afora, de tudo eu já vi
Caipora, jurupari, curupira, mãe d'água e saci

Moleque tinhoso pretinho perneta
Pequena espécie de capeta
De pito aceso por aí
Que vive atentado aprontando mutreta
De carapuça na cabeça
Fia da putinha (erva daninha) é o saci

Prá pegar o coisa ruizin' faça da maneira certa
Jogue no rodamuin' a penera de cruzeta
O gargalo da garrafa é por onde ele entra
Tampe com uma rolha em cruz
Se apodere do capuz
Que é a sua arma secreta


(Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel)

- DIA DO SACI! :D

30 de outubro de 2013

Perfeito


Café no copo, bolo de milho, coisas da serra.
Juntar as delícias da terra com paz infinita do céu.
Se Deus me der sua companhia será perfeito.
Tudo há de estar do seu jeito, rosa temperada de mel.
Vamos, morena, aceita que a vida é feita de tentação.
Coisa que eu mais adoro
é saber que eu moro em seu coração.

(Fátima Guedes)

Fulano, beltrano e sicrano



Taí, uma mulher com pecados
Habilmente dividida
Três homens no meu caminho
Três caminhos sem saída:

O Fulano é meu amigo
O Beltrano é meu marido
O Sicrano é meu amor
E a briga cá é comigo
Eu é que sei...

Teve de ser com Fulano
De quem eu sou a pela fraca
A amante mais devassa
Seu estopim de desgraça
De encontros em pleno dia
E o medo que ele me passa
E a pressa que ele me passa
Eu sei que se ele me aperta
Sente em meio seio a fogaça
Eu sou mil vezes melhor
Embora ele adore a outra
Fulano me deixa louca

Beltrano me quis primeiro
Arrebatou-me princesa
Viril, forte e cavalheiro
Elogiou minha beleza
E Beltrano me escolheu
Pra ser o que há de mais seu
A mãe de seus garotinhos
Todos de olhos tranqüilos
Seus filhinhos, meus filhinhos
Beltrano é o que há de mais puro

Mas Sicrano ainda me olha
Com tanto apego
Gosta e não gosta de estar comigo
Sente no meu respirar
Uma nota de perigo
Me tira e me pôe nos seus planos
Sicrano vai nisso há anos
Ele sabe que minha vontade é ele
E me deixa esperar por de repente
Sicrano me pôe doente

O Fulano é meu amigo
O Beltrano é meu marido
O Sicrano é meu amor
E a briga cá é comigoTaí, uma mulher com pecados
Habilmente dividida
Três homens no meu caminho
Três caminhos sem saída:

O Fulano é meu amigo
O Beltrano é meu marido
O Sicrano é meu amor
E a briga cá é comigo
Eu é que sei...

Teve de ser com Fulano
De quem eu sou a pela fraca
A amante mais devassa
Seu estopim de desgraça
De encontros em pleno dia
E o medo que ele me passa
E a pressa que ele me passa
Eu sei que se ele me aperta
Sente em meio seio a fogaça
Eu sou mil vezes melhor
Embora ele adore a outra
Fulano me deixa louca

Beltrano me quis primeiro
Arrebatou-me princesa
Viril, forte e cavalheiro
Elogiou minha beleza
E Beltrano me escolheu
Pra ser o que há de mais seu
A mãe de seus garotinhos
Todos de olhos tranqüilos
Seus filhinhos, meus filhinhos
Beltrano é o que há de mais puro

Mas Sicrano ainda me olha
Com tanto apego
Gosta e não gosta de estar comigo
Sente no meu respirar
Uma nota de perigo
Me tira e me pôe nos seus planos
Sicrano vai nisso há anos
Ele sabe que minha vontade é ele
E me deixa esperar por de repente
Sicrano me pôe doente

O Fulano é meu amigo
O Beltrano é meu marido
O Sicrano é meu amor
E a briga cá é comigo
Eu é que sei...

 (Fátima Guedes)


17 de outubro de 2013

Vida Maneira

(Foto: Rosana Pereira - Agosto 2013)

"Minas têm moça bonita
Que se banha nos quintais
Sob as águas de monjolo
Sob os olhos dos meninos
Que se escondem nos arbustos
Entre susto e matagais

Êh, vida menina
Vida mansa vida Minas
De lembrança e de colinas
Que se deixam nos caminhos
Vida mato carrapicho
Vida bicho e passarinho

E no morro mansamente
Pasta o gado pelo pasto
Enquanto o sol deixa seu rastro
Morenando a cor da gente
Morenando o coração

Minas tem moça bonita...

Eh vida à toa, vida boa vida chão
Vida leite com farinha
Vida que ainda tinha erva doce e hortelã
Eh vida broa, vida sol, céu e manhã

E no morro mansamente..."

(Gildes Bezerra e Ivan Vilela)

Irmã.



Fico feliz em ver que você tá crescendo e se encontrando...
Apesar dos deslizes no meio do caminho, de te ver tão perdida às vezes e de ter pensado em perder as esperanças de que tinha um pouquinho do que a gente sempre tentou te ensinar  aí dentro desse coração tão intenso, descobri que sempre vale à pena dar mais uma chance pra quem a gente quer tão bem! Mesmo que pra chegar nisso a gente tenha que passar por raiva uma da outra e ficar sem se falar por um tempinho, mas que tudo isso faz valer a pena a volta, o reencontro e nos faz perceber a falta que uma faz pra outra.
A gente não se vê todos os dias, não divide o mesmo quarto, a mesma mãe... Mas não vejo isso como uma coisa ruim! Acho que até ajudar a gente a se dar tão bem... E ter a constante confirmação de que uma precisa da outra, que a gente sente saudade e que se ama cada vez mais!
Espero que você nunca ache que isso te menos minha irmã, que não pode contar sempre comigo ou coisa assim. Te considero tão minha quanto consideraria se tivesse comigo o tempo todo!

Irmã preta chata te amo muito! <3

To contigo e não largo!

14 de outubro de 2013

Cantiga de Roda

(Foto: Rosana Pereira - setembro 2013 - Milho Verde - MG)

Eu vou bater palma
Vou brincar de roda
Pra espantar o medo
Do meu coração
Vou virar menino
Sem hora marcada
Soltar papaguaio
Vou rodar pião

Vou brincar na areia
Lá do meu terreiro
Quem chegar primeiro
Vai ter seu lugar
Vou cantar ciranda
Vou sujar a cara
Vou crescer depressa
Vou me ajigantar

Vou pegar o mundo
E virar do avesso
Vou juntar os homens
Num só mutirão
Vou chamar a vida
Pra brincar de roda
Vou ser seu amigo
Vou lidar a mão

(Manoelito)

Invento

Vento
Quem vem das esquinas
E ruas vazias
De um céu interior
Alma
De flores quebradas
Cortinas rasgadas
Papéis sem valor
Vento
Que varre os segundos
Prum canto do mundo
Que fundo nao tem
Leva
Um beijo perdido
Um verso bandido
Um sonho refém
Que eu não possa ler, nem desejar
Que eu não possa imaginar
Oh, vento que vem
Pode passar
Inventa fora de mim
Outro lugar
Vento
Que dança nas praças
Que quebra as vidraças
Do interior
Alma
Que arrasta correntes
Que força as batentes
Que zomba da dor
Vento
Que joga na mala
Os móveis da sala
E a sala também
Leva
Um beijo bandido
Um verso perdido
Um sonho refém
Que eu não possa ler, nem desejar
Que eu não possa imaginar

Oh, vento que vem
Pode passar
Inventa fora de mim
Outro lugar

(Ney Matogrosso)

11 de outubro de 2013

Dona do Dom

Dona do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me possui
E as pedras do que sou dilui
E eleva em nuvens de poeira
Mesmo que às vezes eu não queira
Me faz sempre ser o que sou e fui
E eu quero, quero, quero, quero ser sim
Esse serafim de procissão do interior
Com as asas de isopor
E as sandálias gastas como gestos do pastor

Presa do dom que Deus me pôs
Sei que é ele a mim que me liberta
E sopra a vida quando as horas mortas
Homens e mulheres vêm sofrer de alegria
Gim, fumaça, dor, microfonia
E ainda me faz ser o que sem ele não seria
E eu quero, quero, é claro que sim
Iluminar o escuro com meu bustiê carmim
Mesmo quando choro
E adivinho que é esse o meu fim

Plena do dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me ausenta
E quando nada do que eu sou canta
E o silêncio cava grotas tão profundas
Pois mesmo aí na pedra ainda
Ele me faz ser o que em mim nunca se finda
E eu quero, quero, quero ser sim
Essa ave frágil que avoa no sertão
O oco do bambu
Apito do acaso
A flauta da imensidão


(Chico César)

Lápis de Cor


Com amor, lápis de cor,
Desenhei uma casinha pra gente ir morar,
Com fumaça na chaminé
E o sol a brilhar
No canto da página.
Com amor e lápis de cera
Desenhei uma mangueira com uns passarinhos.
É difícil traçar bichinhos
Sem saber desenhar
Mas eu tentei.
Plantei um jardim caprichado,
Um pouco estilizado, diferente.
Pus uma cerca branquinha embora
Cerca nada tenha a ver com a gente
E foi tanto o meu empenho
Que o tal do desenho estava lindo
Com os pássaros cantando e o sol saindo

Do canto da página

(Fátima Guedes)

7 de outubro de 2013

O Convite

(Foto: Rosana Pereira - Fevereiro 2013)


Olha a água nascendo na serra,
Lambendo a terra
Crescendo em quedas por cima das pedras
Até virar ribeirão
E cruzar o varjedo em direção ao mar

Na porta da minha casa
Passa um riacho
E eu acho que um dia
Você também vai passar
Na porta da minha casa
E o seu bom dia de amigo
Vai misturar nosso riso
Na porta minha casa

E como o vento se espalha
No fio do capim navalha
Cantando eu abro meu peito
O convite está feito
E eu estou lhe esperando

Na porta da minha casa

(Luis Perequê)

4 de outubro de 2013

Beco do Mota

(Foto: Rosana Pereira - 2012)

Clareira na noite, na noite
Procissão deserta, deserta
Nas portas da arquidiocese desse meu país
Procissão deserta, deserta
Homens e mulheres na noite
Homens e mulheres na noite desse meu país
Nessa praça não me esqueço
E onde era o novo fez-se o velho
Colonial vazio
Nessas tardes não me esqueço
E onde era o vivo fez-se o morto
Aviso pedra fria
Acabaram com o beco
Mas ninguém lá vai morar
Cheio de lembranças vem o povo
Do fundo escuro do beco
Nessa clara praça se dissolver
Pedra, padre, ponte, muro
E um som cortando a noite escura
Colonial vazia
Pelas sombras da cidade
Hino de estranha romaria
Lamento água viva
Acabaram com o beco...
Procissão deserta, deserta
Homens e mulheres na noite
Homens e mulheres na noite desse meu país
Na porta do beco estamos
Procissão deserta, deserta
Nas portas da arquidiocese desse meu país
Diamantina é o Beco do Mota
Minas é o Beco do Mota
Brasil é o Beco do Mota

(Milton Nascimento)



“Carregava um jardim dentro de si. Todas as flores do mundo e as borboletas do céu.” 

(Docismo)

3 de outubro de 2013

Lamento Sertanejo

(Foto: Guiga Guimarães)


Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.

(Gilberto Gil)

Diga lá, coração


São coisas dessa vida tão cigana
Caminhos como as linhas dessa mão
Vontade de chegar
E olha eu chegando!
E vem essa cigarra no meu peito
Já querendo ir cantar noutro lugar.

Diga lá, meu coração
Da alegria de rever essa menina,
E abraçá-la,
E beijá-la.

Diga lá, meu coração
Conte as estórias das pessoas,
Nas estradas dessa vida.
Chore esta saudade estrangulada
Fale, sem você não há mais nada
Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo
A luz daquela primavera.

Durma qual criança no seu colo
Sinta o cheiro forte do teu solo
Passe a mão nos seus cabelos negros
Diga um verso bem bonito e de novo vá embora

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você...

Diga lá, meu coração
Que ela está dentro em peito e bem guardada
E que é preciso
Mais que nunca
Prosseguir,
Prosseguir.

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

Espere por mim, morena
Espere que eu chego já
O amor por você, morena...

(Gonzaguinha)