12 de setembro de 2013

Relicário


Assumi o hábito
De perambular por aí
Como velhos menestréis medievais
Penso que encontro a paz
No caminhar eterno,
Em encontros e despedidas.
Para manutenção
De minhas raízes
Guardo uma arca no peito,
Repleta
De amuletos e memória.
Acervo que não me deixa
Sentir solidão nos trilhos...

Levo montanhas de Minas;
Vozes do passado;
Ritmos e toadas antigas.
Tudo dobrado
Nos cantos da memória.
Carrego também
Rostos e risos amigos
Que me amparam
Quando da saudade
E sede de minha gente.

Formas e cheiros de mulheres
Também tem seu lugar na bagagem.
Antigos amores
Povoam garganta e coração;
Por isso insisto em cantar.
Guardo algumas teorias
Que ajudam a lecionar,
O amor pela pesquisa,
Pelas árvores
E o eterno respeito
Pelos ypês amarelos.
É assim que consigo ser itinerante.
A itinerância aprendi com os "Santos Reis";
Com eles também aprendi
A tocar esperança com o nosso povo simples.

São ícones de meu relicário vivencial...
Sacramento de que sou e existo!

(Giovanni Guimarães)

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